Quaresma é tempo de conversão, oração, jejum e caridade

A celebração da Quarta-feira de Cinzas na Paróquia São Jorge, além de dar início à Quaresma, marcou também a abertura da Campanha da Fraternidade 2018, que neste ano traz como tema: “Fraternidade e a superação da violência” e como lema “Vós sois todos irmãos”.  O tema da Campanha da Fraternidade neste ano é um clamor contra a violência em todos os seus aspectos sociais e pessoais, e, de acordo com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é um desejo de acolhimento por toda a sociedade e não apenas pela comunidade católica em todo o país.

Homicídios, especialmente contra os jovens, segurança pública, trabalho escravo e violência contra mulher são alguns dos aspectos que serão tratados durante a Campanha da Fraternidade deste ano. Em sua homilia, o presidente da celebração, frei Rogério Corrêa chamou atenção para a necessidade de estudarmos os subsídios da CF 2018 e dali tirarmos reflexões que poderão nos ajudar a encontrar um jeito novo de viver.

“Hoje temos aqui em nosso altar todos os padroeiros das comunidades que formam a Paróquia São Jorge e tê-los aqui é uma forma de tornar visível a fraternidade, a fraternidade deles enquanto filhos de Deus e como exemplos de vida para nós. Precisamos refletir sobre todas as formas de violência, tanto as exteriores quanto as interiores, que nos divide e que não deixa perceber o Deus que vive em mim e que vive em vós”, falou.

Frei Rogério falou, sobretudo, do momento oportuno que vivemos, sobre o tempo de conversão, que nos permite voltar para dentro e nos preparar para celebrar a Páscoa de Cristo, sua Vida, Morte e Ressurreição na cruz. Três aspectos foram ressaltados como principais a serem vividos durante a Quaresma, como exercícios espirituais, que podem e devem nos aproximar de Cristo e do que Ele quer de cada um de nós: esmola, jejum e oração.

A esmola, ressaltou o frei, nos remete a caridade, é ir ao encontro do outro, é não sermos egoístas.  “Não adianta ajudar ao próximo com coisas materiais e não conseguir ser luz na vida do irmão. É preciso ser um ponto de unidade, mudar as atitudes erradas, retomar a vivência com Deus e modificar dentro de nós as atitudes que nos afastam dEle e da convivência pacífica com o irmão. Nem sempre é fácil, mas é por isso que precisamos desses exercícios espirituais”, resumiu.

O jejum é se abster, não apenas daquilo que comemos como muitos pensam, mas é também controlar os impulsos, “parte do comportamento pessoal de cada um de nós e que nos impede de ser totalmente de Deus”. Por fim, frei Rogério falou sobre a oração e sobre a importância de cultivá-la, especialmente agora, no tempo quaresmal, porque nos aproxima de Deus, porque nos faz tomar consciência do que Deus é e como eu devo agir.

“Nós precisamos voltar para Deus, nos dedicar a ter uma conversa íntima com Deus e nos converter, mas não uma conversão exterior apenas, mas sobretudo, uma conversão interior. Temos que pensar em Cristo ressuscitado como modelo de conversão e é nEle que devemos nos inspirar e querer fazer deste tempo um tempo de mudança. Que esta Quaresma seja uma conversão plena do nosso ser, para bem celebrarmos a Páscoa de Jesus e colher os frutos que a igreja nos convida a ser e ela nos convida a ser sinal de Deus na terra”, finalizou.

O sentido da homilia foi absorvido pelo engenheiro, Wagner Silva, 34, que além de ver a Quarta-feira de Cinzas como o início da preparação para a Quaresma, ressaltou a importância da oração para que possamos, de fato, nos esvaziar daquilo que nos afasta da presença de Deus e que possamos nos voltar mais para as práticas da oração, do jejum e da esmola, como nos recomenda a Igreja Católica.

“A esmola nos faz pensar que sempre podemos nos doar um pouco mais para o nosso próximo, o jejum nos leva a pensar que devemos nos afastar um pouco das coisas que nos tiram o foco da oração, mas para mim o principal é mesmo a oração. Ela é o primordial porque nos faz pensar naquilo que somos e no que deveríamos ser. Esses 40 dias de preparação para a Páscoa nos faz pensar nos sofrimentos e tribulações que Jesus passou no deserto, quando se retirou para orar e também por isso devemos manter o foco na oração, ter a consciência de tudo o que Jesus sofreu por nós e que nos cabe, ao menos, nos esforçar para sermos melhores por Ele”, disse.

Michele Gouvêa

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